Ontem esperando a notícia da morte de Dominguinhos no Jornal Nacional (já havia visto no jornal da Band), vejo anunciarem também a notícia da morte de Djalma Santos. Tomei aquele susto habitual. Os últimos boletins médicos (religiosamente postados no site do Hospital Helio Angotti) não eram dos mais animadores, mas ainda assim me surpreendi. Em seguida tive aquela sensação de dever cumprido... Aos 84 anos o bi campeão mundial de futebol descansava. Milagrosamente, eu como pessoa de mídia não me senti envergonhada do meu meio; Djalma foi largamente honrado e homenageado pela imprensa uberabense ainda em vida, era uma unanimidade. Simplérrimo, humilde, de carácter inquestionável, um homem verdadeiramente admirável; e o era por si só e não por grandes estratégias de marketing meticulosamente trabalhadas.
O tempo fechado e os 9°C davam o ar triste da manhã. Eu enquanto espírita, não me entristeço com a morte. O que me arrasa é o sofrimento que a antecede. Quando em 2002 no meio da tarde veio a notícia da morte de Chico Xavier, exclamei um aliviado "até que enfim, graças a Deus!". Não me permiti o egoísmo de lamentar que ele não continuasse preso ao corpo doente e encarquilhado. Se para mim a eternidade da alma é inquestionável, então nada mais justo que a de Chico pudesse usufruir livremente de toda a sua capacidade e beleza.
O que me dói também é o sofrimento de quem fica. E assim me choquei também quando vi a notícia repentina da morte de Luís Carlos Oliveira. Eu tenho o hábito de ouvir rádio enquanto trabalho. Assim minha manhã começa com o Jornal da sete, seguido do Boca Livre, o Manhã da Sete e o Sete nos Esportes. E a dor de cada um dos participantes do Sete nos Esportes era quase tangível, era possível sentir as lágrimas equilibrando-se nos lábios trêmulos.
Luís Carlos morreu de morte besta, morte violenta no trânsito. Ninguém esperava. Inclusive hoje sua expectativa era voltar logo para Uberaba (na hora do acidente, ia de carro à trabalho para Brasília) e se preparar para a transmissão do jogo do Galo, a esperada final da Libertadores. Que transmissão mais amarga será essa, meu Deus. Os companheiros de microfone que já estavam sentidos pela morte de Djalma, também sofreram o baque da morte inesperada do amigo. Coisas da vida.
Nascer, morrer, progredir... Leis naturais as quais ainda não sabemos reagir bem. Nos surpreendemos com a gravidez, nos surpreendemos com a morte... Talvez o progresso, por ser em si lentidão, seja o que menos impacta no dia a dia. O susto vem e passa, a dor chega e em algum momento vai embora, deixando apenas aquelas sombras que a gente denomina de saudade. Vida e morte segue em nós. Força aos que ficam, luz aos que se foram.
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