Aviso: esse não é um texto de DEFESA. É só para refletir sobre a dimensão que um ato pode tomar.
Na semana passada, um vídeo do RJTV me chamou a atenção. O título já denunciava o teor do vídeo; maus tratos a animais num pet shop. Compartilhei em minha fan page sobre animais e logo fui percebendo o quanto aquela denúncia mexia com as pessoas que gostam e respeitam seus animais domésticos.
A matéria que apresentava o filho de 20 anos de Solange Barroso, dona do Pet Shop 04 Patas, agredindo animais, logo começou a chamar atenção na página do G1 e pouco depois se tornava também destaque no Jornal Hoje.
Algumas horas depois, o portal da Globo já noticiava que a polícia fora chamada até o endereço do pet shop, pois populares tentavam depredar o imóvel, colocando a vida da proprietária e dos funcionários em risco. No dia seguinte uma placa de "aluga-se" e o painel do estabelecimento, rasgado e jogado no lixo, já confirmavam que o comércio já não funcionava mais ali. Mas nada disso foi suficiente para aplacar a sanha popular. O imóvel foi vítima de vândalos, pessoas que são qualquer coisa, menos verdadeiros defensores de animais.
Um defensor de animais, antes de tudo é um defensor da vida. Respeito permeia seus atos, pelo menos o deveria. Querer agredir fisicamente, destruir um bem que nem mesmo pertencia à Solange, torna essas pessoas que cometeram esses atos, tão criminosos quanto Daniel, agressor que aparece no vídeo. Não se apaga uma injustiça cometendo outra.
Não estou defendendo. Erraram devem pagar pelo crime que cometeram. Mas que isso seja feito dentro da lei.
A pessoa que fez as filmagens poderia ter mostrado para Solange, antes de levar à imprensa. Teria resolvido? Talvez sim, talvez não, não a conheço não posso determinar suas atitudes por puro "achismo" meu. Ter denunciado aos donos dos animais? Sim, também poderia, e aí cada um entraria com sua ação civil e criminal contra o estabelecimento. Além disso o boca a boca entre donos já seria extremamente danoso aos proprietários. No momento porém, o denunciante achou (não sei por quais razões, já que o vídeo foi gravado já há algum tempo) que o melhor era encaminhá-lo à imprensa, por ser democrático, rápido e porque o resultado é mais confiável do que buscar os órgãos competentes ( que infelizmente, muitas vezes só se mexem porque a mídia se envolveu no caso) .
A mídia é o quarto poder, muito se fala sobre isso. Aqui esse poder da imprensa se mostra em toda sua eficácia e poder de destruição. Não só todos ficaram sabendo que o filho de Solange agredia aos animais, como também decretaram o fim da vida econômica dessa família. Muito provavelmente se a denúncia não fosse levada à imprensa, nada aconteceria. Só acho que ninguém imaginava que a denúncia tomasse as proporções que tomou.
O Pet Shop está fechado, Solange e Daniel certamente serão punidos judicialmente. Socialmente já o foram. Solange perdeu seu comércio seu meio de vida. As contas vão continuar chegando. Mas ela terá que encontrar outro meio de conseguir dinheiro para pagá-las. Os prejuízos causados são grandes. Imagino como está o clima nessa casa. A dor da mãe em ver sua ruína, causada pelo próprio filho. Provavelmente também terá que se mudar para outro bairro, talvez outra cidade. E ainda assim poderá ser facilmente apontada na rua e agredida pelo crime do filho e por uma possível conivência.
O papel da mídia é de denunciar sim, não só o governo, o judiciário, mas também maus prestadores de serviços como essas pessoas do Pet Shop 04 Patas. Mas as dimensões destrutivas dessas denúncias, são imprevisíveis. Não dá pra entender as reações do brasileiro. Da mesma maneira que postei sobre esse caso de agressão na fan page, também postei sobre o IPI de 10% sobre a ração para cães e gatos, essa sim, que atinge a todos os brasileiros que tem animais de estimação. Ninguém comentou, ninguém curtiu, ninguém compartilhou.
Seja lá qual for a pena que a justiça aplicará contra Solange e seu filho Daniel, será bem mais amena que a pena que a sociedade decretou. Que fique de alerta; não é porque 'ninguém está vendo' que você pode errar. Uma hora pode ir parar no Fantástico.
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