Jade balançava em sua rede, no alto de uma árvore. O tempo quente demais dispensava a barraca e ela sinceramente gostava de dormir assim, sob o olhar sereno do céu.
Os guerreiros praticavam seus esportes viris. Engraçado que mesmo em paz, a diversão daqueles homens era guerrear, mesmo que fosse em troca de passar as horas, ou de algumas moedas do espólio alheio...
Um jovem de outro grupo afastou-se do bando e escalando desafiadoramente a árvore aproximou-se da cigana.
- Saudações bela senhora!
Jade olhou divertida para o atrevido soldado... Com certeza não a conhecia.
- Saudações meu bravo. Precisas de algo?
- Conversar... Entender o coração das mulheres. Minha prometida deixou-me pelos carinhos de outro homem e desde então sinto não ter sorte no amor... Por que ela fez isso comigo?
Os olhos escuros de Jade quase gritavam que o melhor era questionar o que ele havia feito à sua prometida para que ela o trocasse por outro... Mas Jade estava infinitamente de bom humor naquela noite e foi piedosa em seus comentários.
Nas noites seguintes o jovem que ela depois soube ser o ferreiro de outra tropa continuou a rondar o acampamento, cortejando a cigana. Jade se ria das promessas envoltas em mel e ingenuidade dele e permitiu a corte e em seguida para distrair-se dos longos meses de solidão cedeu ao ferreiro alguns carinhos.
Por mais que ele se colocasse como um homem, Jade sabia que era apenas mais um garoto brincando de ser guerreiro... Honesto, trabalhador, mas ainda imaturo em seu coração.
Jade por sua vez com aquela sinceridade crua comum às mulheres que não se curvam aos homens, exasperava ao ferreiro. Ele desejava ardentes juras de amor, e poder circular levando a cigana pelo braço para contemplação de todos, sem no entanto conseguir tocar o coração de Jade. Sabia que, quando com alguma dificuldade arrancava de seus lábios uma confissão de saudade, era muito mais falta de seus afagos do que si.
Jade vencida pela insistência do ferreiro e pelos pedidos do próprio corpo, cedeu finalmente aos anseios viris e brindou o garoto com o ardor que lhe era típico. E que assustou ao ferreiro de tal forma que ele se sentindo diminuído em sua masculinidade afastou-se gradativamente até que Jade não o viu mais.
Jade se ria ao lembrar de como ele questionara a si próprio ainda enroscado no corpo nu da cigana. Pobre homem, tão acostumado a se sentir grandioso nos braços de donzelas incautas, descobrira que muito diferente era conseguir satisfazer uma mulher.
Leia outras crônicas de Jade, clicando aqui
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1 Comentários
Orgulhosamente programei uma 'chamada' para este ótimo artigo no novo site dos Blogueiros do Brasil. O post será publicado dia 08/12 às 17h .
ResponderExcluirAbraços cordiais.