As cartas psicografadas por Chico Xavier

Faz alguns anos, minha mãe começou a frequentar um centro espíria na Av. Nenê Sabino, em busca de notícias de amigos e parentes mortos. Dava o nome, a data de nascimento, a data da morte e o grau de parentesco.

Uma dessas pessoas por quem ela buscava notícias, havia sido seu namorado, quando eu ainda era pequena. Ele morreu quando eu devia ter uns 3 anos de idade, mas tenho boas lembranças dele chegando em casa com bananas e maçãs embrulhadas num jornal, eu passava debaixo de suas pernas e  ele dizia sempre para eu passar novamente, por que senão eu não iria crescer. Se você me perguntar onde estão enterrados os meus avós, eu sinceramente não sei, mas se me perguntarem onde é o túmulo dele, eu saberei onde é.



Bom, quando preencheu o papel sobre ele, minha mãe escreveu o nome dele, a data de morte e nascimento e como grau de parentesco, colocou "amigo".

Naquele dia ela recebeu a carta onde era chamada de companheira amada; o afeto, o amor sobrevivera ao tempo  e à morte.

É claro, para quem não acredita em espiritismo, vão dizer que foi psiquismo, ou pura investigação da vida de minha mãe, pra mim isso não importa, por que nós acreditamos, e o bem que aquela carta fez à minha mãe foi maior do que qualquer dúvida.

E é essa emoção, esse conforto de saber que a vida continua, que move o documentário "As cartas psicografadas por Chico Xavier" . A diretora Cristiana Grumbach sentiu sua curiosidade aguçada ao conversar com sobre uma sessão de psicografia de cartas, por Chico Xavier. Movida pelas indagações que sua mente cética fazia, buscou mães que haviam perdido seus filhos e que encontraram um alento para dor nas cartas recebidas por intermédio do médium mineiro.

Chico, isso nem os ateus, nem os céticos, nem os mais maldosos pode duvidar, era acima de tudo um consolador. Buscou minimizar a miséria dos que não tinham nada, auxiliou as instituições de caridade abandonadas pelo sistema, distribuiu ensinamentos de amor e respeito ao próximo, deu um paliativo aos corações aflitos pela perda de alguém muito amado. E o documentário onde diversas mães contam sobre a experiência de receber uma carta das mãos de Chico, é honesto e delicado, evita o tom doutrinador ou o sentimentalismo barato.

Fico feliz em ver pessoas que não são espíritas, desenvolvendo trabalhos como esse documentário. É a mostra de que o respeito e a tolerância podem produzir frutos muito melhores que uma doutrinação equivocada.



Matéria do Jornal Extra

Crítica de Mario Abbade

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1 Comentários

  1. Puts Mlk's, é exatamente assim que lembro dele, com um pacote de frutas embrulhado no jornal chegando numa manhã de sol. Snif snif

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