Night Stalker: tortura e terror na Netflix



Atenção: contém spoilers da série

Disponível no catálogo da Netflix desde 13 de janeiro, a série documental Night Stalker: Tortura e Terror (originalmente Night Stalker: The Hunt for a Serial Killer) é a mais recente obra a relatar a sequência de crimes brutais cometidos por um dos mais notórios serial killers norte americanos, o texano Richard Ramirez.

A minissérie em quatro episódios foi montada intercalando depoimentos de envolvidos no caso - como os investigadores Gil Carrillo e Frank Salermo, vítimas e familiares das vítimas - fotografias da perícia técnica, fotografias e filmagens domésticas cedidas por familiares, manchetes de jornais e material televisivo da época, tudo isso costurado com uma trilha sonora extremamente emocional e falas de Richard. Sua voz grave e fria corta como faca a cada inserção ao longo dos episódios.

Gilbert "Gil" Carrillo, investigador


Episódio 1 - Força Maligna.

No primeiro episódio a série nos familiariza com o investigador Gil Carrillo, sua infância e a trajetória que o levou até o trabalho na divisão de homicídios. Conhecer e simpatizar com Carrillo é inclusive o fio condutor da série. É quase sempre pelo olhar dele que encontramos as vítimas, as pistas o pânico e o cansaço na caçada intensa. É também neste episódio, que descobrirmos como crimes brutais, aparentemente sem nenhum ponto de ligação, levaram um investigador jovem e inexperiente a se tornar parceiro de um dos mais renomados profissionais da época, Frank Salermo.


Marca da pegada do assassino.Imagem: Divulgação/Netflix


Episódio 2 - Quem será o próximo?

Com o intervalo entre os crimes - que aparentemente tiveram início em março de 1985 - cada vez menor, Gil e Frank tentam reunir mais pistas para encontrar o assassino antes que mais crimes aconteçam. Mas a aleatoriedade do assassino torna tudo muito difícil não  há um modus operandi claro. Duas pistas porém apontam para um norte nas investigações e é através delas, que a dupla avança na montagem do quebra-cabeças enquanto novas vítimas surgem.


Anastasia Hronas - sequestrada e estuprada aos 6 anos. Ajudou a confeccionar o
retrato falado e fez o reconhecimento do Night Stalker


Episódio 3 - Tranque as portas

Além de lidar com os crimes cometidos cada vez mais rapidamente - por vezes dois na mesma noite -  agora os investigadores também precisam enfrentar um novo inimigo: a mídia sensacionalista, sedenta pela cobertura do caso. Após várias tentativas desta de batizar o criminoso, surge finalmente o nome que o definiria pela posteridade: o Perseguidor Notuno, the Night Stalker. Falta muito pouco para ele seja finalmente preso, após uma sequência de assaltos, estupros, tentativas de homicídio e assassinatos brutais.


Linha do tempo dos crimes


Episódio 4 - Caçada humana

Ao longo dos três primeiros episódios conhecemos além de Frank Salermo e Gil Carrilo, cada uma das vítimas do Night Stalker. Vimos as fotos de seus corpos ensanguentados, o depoimento de netos, filhos, sobreviventes. Soubemos como ele matou casais em suas camas, como estuprou e matou idosas, como violou crianças de seis, oito anos. Sentimos a dor de cada um desses depoimentos, sentimos o cansaço e angústia dos investigadores, sentimos raiva da imprensa. Mas até aqui não tínhamos nada do assassino, além de retratos falados desenhados à mão. Já estávamos próximos de cada pessoa que sofreu por causa desse homem, então finalmente somos apresentados a ele.


Richard Ramirez, o Perseguidor Noturno


E não, não começamos com as fotos clássicas do assassino. começamos com uma criança sorridente, o relato de uma infância difícil, cercada de violência, vícios corrupção. A criança quieta e estudiosa se tornou um pequeno ladrão, um aficionado por violência e satanismo, um adolescente drogado e por fim um assassino cruel. Só então somos apresentados à face vazia de Richard Ramirez, o olhar duro, o sorriso de sarcasmo e desprezo. Após 14 assassinatos consumados, outras tantas tentativas, espancamentos, estupros e outras ignomínias cometidas de março a agosto de 1985, vemos o serial killer ser alçado à sex symbol, desejado por mulheres de várias idades e lugares do país. Ele próprio se sente à vontade no papel de latin lover, evoluindo do uniforme do presídio e da aparência de drogadito de rua, à imagem de um homem bem vestido em um terno sob medida, com cabelos longos, aspecto saudável e óculos escuros. Isso porém não fez a menor diferença e em novembro de 1989, Ramirez foi condenado à morte na câmara de gás. 



A principal virtude da série, talvez seja mostrar que são pessoas. Aqueles policiais são pessoas, aquelas massas de carne e sangue atiradas ao chão ou sobre a cama eram pessoas, a mídia sensacionalista era composta de pessoas, até o frio e cruel Richard era uma pessoa. E foi acertado focar em Carrillo, evitando a glamourização do assassino. Foi acertado, porque ele nos mostra que a compaixão é o traço de humanidade que não nos permite ser como Ramirez.


Para mais sobre Richard Ramirez, The Night Stalker:




Imagens das fotomontagens: IMDB

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