A Cobertura Ruim (e põe ruim nisso) do Rock in Rio

Equipe do canal Multishow na cobertura do Rock in Rio 2017

Ontem no fim da tarde decidi ouvir a transmissão do Rock in Rio enquanto terminava meu dia de trabalho. E calhou justo de pegar a entrevista entre os shows de Sinara e Baiana System.
O palco Sunset deu espaço a encontro entre artistas e a Banda Sinara convidou Mateus Aleluia e obviamente, desse encontro não poderia haver nada mais nada menos que Cordeiro de Nanã, composição de Mateus na época em que integrava o grupo Tincoãs na década de 70. Pois a criatura que estava conduzindo a entrevista teve a capacidade de falar na cara do Mateus que havia achado muito interessante a interpretação de Cordeiro de Nanã em vozes masculinas, sendo que sua versão original era mais suave, com vocais femininos. A saia justa foi tamanha, que alguém deve ter consultado o Google e soprado algumas informações pra ela, porque ela até conseguiu falar alguma coisa sobre Os Tincoãs para tentar minimizar a bobagem dita.

Claro, isso foi só um caso isolado, sobre um artista que não é tão conhecido do grande público do RiR. Mas não há uma intervenção da equipe que cobre o evento que não tenha alguma bobagem proferida. Como Jimmy London e João Gordo elogiando a performance do Aerosmith em Dream On sendo que eles nem haviam tocado a música ainda. Seja na comparação de Bon Jovi com sertanejo. Ou classificando Tears for Fears como música de consultório de dentista. Ou na avalanche de gírias da moda, subcelebridades, informações rasas saídas do nariz, tiradas engraçadinhas ou qualquer outra bobagem, que faz com que os comentários na página do canal sejam repletos de gente pedindo pelo amor de Deus pra calarem a boca dos comentaristas.

Na esperança de falar a língua da juventude brasileira, o canal peca por subestimar a inteligência do público e ignorar a função principal do jornalismo é que informar, agregar conhecimento.

A Cobertura do Rock N Rio tem sido mais uma demonstração de como a TV falha ao tentar emular a internet. E aí temos aquela sensação de vergonha alheia parecida com a que sentimos quando aquele tio recém divorciado tenta parecer descolado pra ganhar a simpatia das amigas da sobrinha.
Patético.
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