Quem me conhece, reclama que eu vivo conectada. Pois bem, ontem bebericando em um evento, soube através do bendito facebook no meu celular, que o Plenário do Senado havia aprovado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2009, conhecida como PEC dos Jornalistas.
Para quem está boiando, a PEC aprovada em segundo turno, por 60 votos a 4, torna obrigatório o diploma de curso superior de Comunicação Social, com habilitação jornalismo, para o exercício da profissão de jornalista.
Essa notícia, foi a cereja do meu bolo na noite de ontem. E nem é pelo fato de que estou cursando jornalismo.
O brasileiro dificilmente leva algo a sério. Os defensores da não obrigatoriedade, enchem a boca pra falar que em países desenvolvidos, o diploma é dispensável. Ótimo. Em países desenvolvidos, é assim. Num país como o Brasil onde educação é irrelevante e as pessoas desmerecem tudo, diploma é necessário sim. Se aqui as pessoas respeitassem as profissões e seus profissionais, nenhum designer, nenhum publicitário, nenhum programador ao estipular o preço de um trabalho, teria que ouvir: ah, mas o sobrinho da fulana sabe fazer isso e nem cobra...
Eu sempre gostei de escrever, sempre. Desde criança, tenho esse hábito, de descarregar no papel, e agora nas teclas de um computador, toda a avalanche de idéias e sentimentos que fervem dentro da minha cabeça. Sei que escrevo bem e por mais que ainda tenha muito a aprender, não tenho modéstia nenhuma em dizer isso. A faculdade de jornalismo me disciplina. Hoje eu sei que não se escreve impunemente e não estou me referindo apenas à questões legais. Escrever e expor esse escrito, é atingir pessoas, para o bem e para o mal. Hoje penso mais, me policio mais, não me entrego insanamente à verborragia como fazia antigamente.
Entendo que profissionais competentes de suas áreas, tenham conhecimento e know-how para escrever jornalisticamente. Só não entendo porque eles, que e esforçaram tanto para alcançar êxito e reconhecimento em suas profissões, queiram menosprezar a minha.
Alguns dias atrás, em um grupo de comunicadores do Facebook, uma pessoa que não é jornalista, não é comunicóloga, não é publicitária se sentiu no direito de desancar duas jornalistas, apenas pelo fato de ter um jornal de bairro. As duas jornalistas mantiveram-se em silêncio, os colegas de profissão é que se posicionaram contra a postura infantil da outra, de postar uma conversa privada. Talvez, se ela tivesse frequentado um banco de faculdade como suas vítimas frequentaram, ela tivesse a maturidade de manter essa conversa, apenas entre elas. Talvez, afinal, a ética é pessoal e intransferível. Você pode ensiná-la, mas não pode obrigar ninguém a segui-la.
As pessoas admiram a medicina e encaram como lógico e natural que se curse um (bom) curso de medicina para que se possa exercê-la. Afirmam que um leigo que a pratique, pode matar uma pessoa. Torço pra que um dia, essas mesmas pessoas pensem em quantas pessoas, o mau jornalismo pode matar, alijar, destruir.
2 Comentários
Essa obrigatoriedade não faz o menor sentido. Existem argumentos muito melhores que esse de que nos países desenvolvidos o diploma não é obrigatório.
ResponderExcluirE já que você tocou no assunto, devo dizer que também sou contra a obrigatoriedade do curso de medicina. E de qualquer outro também.
"Talvez, se ela tivesse frequentado um banco de faculdade como suas vítimas frequentaram, ela tivesse a maturidade de manter essa conversa, apenas entre elas. Talvez, afinal, a ética é pessoal e intransferível. Você pode ensiná-la, mas não pode obrigar ninguém a segui-la."
ResponderExcluirArgumento especulativo e vazio, até parece que não existem profissionais formados desonestos em todas as profissões. E pessoas honestas sem diploma.