Acessibilidade é direito, não é favor!



Bom, atualmente eu trabalho com acessibilidade; não vou dizer fazendo exatamente o quê, mas tenho enfrentado uma série de dificuldades e isso porque não preciso de condições especiais, imagina então, quem delas necessita.

Uberaba é uma cidade de difícil adaptação; o centro é cercado por vários "morros" é como se fosse uma grande bacia, e além dos desníveis naturais em ruas em declive, ainda tem o problema das enchentes, então praticamente todos os estabelecimentos e prédios comerciais da cidade contam com degraus; daí já começa a resistência dos comerciantes em adaptar as entradas das lojas para que cadeirantes possam entrar, afinal, a rampa facilita não só a entrada do cadeirante, como também da água da chuva.


Outro ponto é que o centro de Uberaba é formado em quase a sua totalidade de contruções antigas, dos tempos em que era lindo ter degraus ou escadarias, e que os deficientes ficavam escondidos em quartinhos nos fundos de casa...Quem aluga um ponto comercial em Uberaba, acaba tendo que arcar com as despesas de adaptação, porque os donos dos imóveis pouco se importam.


As pessoas ainda possuem aquele ranço de quem escondia os "filhos defeituosos"(por favor não estou  me referindo assim a ninguém; era apenas a forma de ver e pensar do povo a algumas décadas atrás, caso contrário, não teria sido necessário criar uma lei de acessibilidade e obrigar as pessoas a cumpri-la) .Esquecem que restrições físicas não restrigem direitos. Cadeirantes, deficientes visuais ou auditivos, gestantes, obesos, idosos, todos temos o direito de ir e vir sem a necessidade da intervenção de terceiros; solicitei a demolição de uma rampa mal feita essa semana e tive que ouvir do sobrinho do proprietário do estabelecimento, que se fosse preciso os "funcionários eram fortes poderiam carregar o cliente". Oras, um cadeirante não quer ser carregado, ele quer entrar na loja e sair a seu bel prazer como qualquer pessoa!

Em Uberaba, as pessoas estão com a mania horrorosa de fazer rampas "pra inglês ver", rampas que nem um caminhante conseguiria subir confortavelmente, quanto mais alguém em uma cadeira; algumas mesmo parecem um tobogã. Isso quando pra chegar até a rampa, o cadeirante não tem que subir um DEGRAU (não é verdade, farmácia Xavier da Leopoldino de Oliveira?)! Fazem rampas não porque compreendem o direito de todos de ir e vir, mas porque sem a adaptação, não conseguem seu alvará de localização e funcionamento. Adaptam portas e barras de apoio nos banheiros, mas as pias e papeleiras continuam além do alcance de quem está sentando.  Obrigam que deficientes visuais, dependam da boa vontade de estranhos caso queiram comer ou beber algo fora de casa, raríssimos locais disponibilizam cardápios em braile. Bebedouro público ou filtros de água em estabelecimentos privados então é previlégio só de quem está em pé, ai de você se sentir sede e estiver na cadeira de rodas. E mesmo o poder público que exige, ainda está em dívida com a lei que garante a acessibilidade a todos...

Conheça a lei de acessibilidade, consulte suas normas técnicas, converse com as pessoas sobre suas necessidades específicas, descubra as próprias necessidades...o seu direito é igual ao meu, ao do vizinho, ao de qualquer pessoa.


Quem quiser conhecer, ou precisa de promover as adequações de acessibilidade, acesse as normas técnicas da ABNT:

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